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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

História das Mulheres no Brasil: A arte da sedução: sexualidade feminina na colônia- Emanuel Araújo



Corre a missa. De repente, uma troca de olhares, um rápido desvio do rosto, o coração aflito, a respiração arfante, o desejo abrasa o corpo. Que fazer? Acompanhada dos pais, cercada de irmãos e criadas, nada podia fazer, exceto esperar. Esperar que o belo rapaz fosse bem-intencionado,que tomasse a iniciativa da corte e se comportase de acordo com as regras da moral e dos bons costumes, sob o indispensável consentimento paterno e aos olhos atentos de uma tia ou de uma criada de confiança ( de seu pai, naturalmente). Esse era o esteriótipo, o bom modelo, o comportamento que se esperava no despertar da sexualidade feminina.
 A toda-poderosa Igreja exercia forte pressão sobre o adestramento da sexualidade feminina. O fundamento escolhido para justificar a repressão da mulher era simples: o homem era superior, e portanto cabia a ele exercer a autoridade." As mulheres estavam sujeitas aos seus maridos como ao Senhor, porque o homem é a cabeça da Igreja... Como a Igreja está sujeita a Cristo, estejam as mulheres em tudo sujeitas aos seus maridos". De modo que macho ( marido, pai, irmão, etc.) representava Cristo no lar. A mulher estava condenada, por definição, a pagar eternamente pelo erro de Eva, a primeira fêmea, que levou Adão ao pecado e tirou da humanidade futura a possibilidade de gozar da inocência paradisíaca. Já que  a mulher partilhava da essência de Eva, tinha de ser permanentemente controlada. 

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