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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Histórias das Mulheres no Brasil: Feminino e Feminino: O amor entre mulheres: Emanuel Araújo

A sexualidade feminina no período colônial era controlada de várias formas e em diversos níveis. As mulheres, então, ou se submetiam aos padrões impostos, ou regiam com o exercício da sedução( também de várias formas e em diversos níveis) e da transgressão. Uma das maneiras de violar, agredir e se defender estava justamente em refugiar-se no amor de outra mulher. O homossexualismo( ou sodomia, como se dizia na época) era condenado com muita severidade na legislação civil: quem o " pecado de sodomia por qualquer maneira cometer, seja queimado e feito fogo em pó, para que nunca de seu corpo e sepultura possa haver memória, e todos os seus bens sejam confiscado para a Coroa". Muitas mulheres, no entanto, pareciam não se amendrontarem diante de tamanho rigor.  
Ao que parece essas mulheres não tinham interesse em tornar públicas suas ligações amorosas. Tudo se passava em círculos restritos de amigas e vizinhas, e muitas vezes nem era preciso sair de casa, aproveitava-se a hierarquia e a intimidade em que conviviam cotidianamente senhoras e escravas.
O último lugar onde se poderia esperar a manifestação da sexualidade feminina seria nas celas dos conventos, pois ali as mulheres deviam recolher-se por espontânea vontade e, como "esposas de cristo", renunciar por completo os prazeres sexuais. Mas nem sempre acontecia assim. Longe do olhar paterno e da vigilância de vizinhos, a jovem e vaidosa freira passava a integrar uma corporação das mais fechadas, com as suas próprias regras e trangressões, cuidadosamente reguladas. Assim a sexualidade reprimida em casa podia agora se extravassar de mil maneiras, algumas sutis, engenhosas, ardilosas mesmo, outras sem maior rebusco, sem cuidado, sem pudor algum.          

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